segunda-feira, abril 11, 2011

Atuando de crítica da minha vida em peça.

Difamação que produzi pois sentia efervescer o sangue ao deparar-me com as citações mil. "É parte de mim descrita" diziam, seguida por um suspiro. E eu apegava-me a síndrome underground de preferir o não-divulgado, quase maltratado. Os tais "malditos".
Contudo me deixei ser arrastada para o grupo da "descrição". Ao entrar no singelo auditório do Teatro Lala Scneider e notar as vibrações de rádio (na) cabeça reproduzindo Creep e, em formato helicoidal, entrelaçando para seguir em High and Dry.. e sentada fitando a metamorfose desdobrando no palco enquanto de mãos dadas com a situação mal-resolvida.. ou bem, não sei.
Começa o espetáculo com uma puta adúltera, cujos sapatos vermelhos invadiram meu sono noite passada. A cena foi tomada por uma dama da noite, boy, vou te contar. Essa era vivida, tem experiência de quem só vê a roda, não está na roda. Sente a roda, entende a roda, queria estar lá, rodando, rodando. Todavia está ali, prosseguindo na noite, não existindo de dia. Problemas não tem, somente o de coexistir com uma roda que respira quando ela sabe o desespero que é a sobrevida fora da mesma.
É, boy, você não sabe.
Espetáculo girou, assim como a roda.
Revolucionária sem propósitos após a falta de resultado de suas interferências. Ficou suscetível à loucura da monotonia, do descaso geral. Seu já amante, agora amigo por falta de lógica entre o sexo de uma lésbica acabada e um homem que até cheira a viado, fez parte da cena. Ele iria para o Sirilanka. Na realidade, este "ato" cuja temática trouxe os lacrimejos de um domingo à noite, fez passar um deja vù do passo seguinte, posto que não seja possível. Até mesmo a viagem ao país estranho entrou na jogada, o que levou a uma visão futurista do passado, novamente impossível, entretanto nada utópico.
As borboletas, invertebradas, no auge da loucura. O vazio sem Ana. Ana? Não é preciso explicar. A ligação entorpecida no pedido da carência.
E, por fim, ela andava. Andava bêbada, sem um puto e com o dente quebrado. Andava pé ante pé. Corria. Corria atrapalhada, desesperada, angustiada. Verbos conjugados em seus particípios "ada" sendo jogados nas poças formadas pela chuva. Caiu. Caiu atônita e derram(ada)ou o líquido e a garrafa etílica. Quebrada. Acabada.
Mais uma canção. Fim. Agradecimento, palmas, cortinas. Noventa minutos.
E eu, perplexa, confesso a minha atual admiração e abro uma exceção no estilo de vida (e leitura) maldito.
Aí me disse: Essa peça descreveu a tua vida, né?
E eu relembrei todo o meu preconceito saudável e admiti: É.



(Sobre "Amor e Ponto", peça baseada nos textos de Caio F.)

quinta-feira, abril 07, 2011

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pavio e tênue
é um bang e fim.
o futuro deslumbrado, arrasado no aroma de pólvora.
é assim, não é?

não, não é.
é, mas não deveria ser.

segunda-feira, abril 04, 2011

imachanger

tentada à poesia

gente vira grande
apelido vira nome
brinquedo vira álcool
gente grande vira álcool
e assim faz riso

riso antes consequência
agora, nada de inocência
inocência vira raridade
verdade vira raridade
e assim ignora o improviso

domingo, março 13, 2011

terremoto, tsunami, furacão, ciclone, nevasca, vulcão, enchente, secas, avalanche.
transtornos homicidas, bipolares, extremistas, psicóticos.
megalomaníacos, violentos, estupradores, pedófilos, os tantos maníacos. ninfos, depressivos, hiperativos.

espero que o mundo cesse o maldito ciclo no próximo ano, mesmo.

quarta-feira, março 09, 2011

das coisas que não contei

e perguntas: 'o que me contas?'
respondo em superfícies. falo das quedas físicas, das subidas etílicas. relato o caos universitário, as idas e vindas em quilômetros.. os assuntos aos quais duas pessoas já tão íntimas não entregam assim, como se fossem notícias não triviais, sacomé.
arrependimento não houve, pois tu também absteve-se de contar tantas vezes, não é?
contei sobre o vômito saído das entranhas alheias como subterfúgio para não contar sobre as minhas mesmas; entranhas cuja dança desconexa ensaiada e apresentada na falta de conformidade da noite passada, quando tiveram notícia sobre a omissão desnecessária do causo desconhecido até então.
enfrentei medos e dogmas próprios, superei-os e modifiquei-os. expliquei-te tanto as mudanças sofridas no retiro espiritual ao qual nos submetemos durante esse recesso dos outros e da solidão. e tu achou-se no direito de não me contar, não me explicar, não se entregar. atos talvez resultantes do meu comportamento, da minha índole. todavia sabias das conversas discorridas com as pessoas que, embora sejam os alicerces da minha confiança, escolheram sofrer contigo. aquelas que decidiram pelo dito "lado que não era meu" e eu não me vi no direito de argumentar por realmente achar com cada centímetro de vida em mim que eles sim estavam certos, assim como tu.
e resolveste, por mais nem menos, manipular a honestidade exarcebada que depositei em nós - não adianta fingir que não o era, tu sabes - para utilizar-se desta e fazer o jogo da ignorância geral e sair por cima, por vítima. e, sendo sincera, novamente, sou ingênua o bastante para não ver intenção sua em toda essa trama que me cerca feito armadilha. mas não sei..
entretanto era irrisório deixar-te avisada de prima o quão longe o meu conhecimento vai, porquê sei que seria somente uma meia hora de conversa jogada, sem pausa para brigas homéricas ou saudosos contatos.
meia hora arrastada, demorada. passou, passou, e nada. falou, contou, e foi piada. contive-me para não me prolongar nos teus olhos. seria doloroso assistir à mudança do olhar. obrigada por entreter-nos com vídeos, porque, meu bem, se não os fosse, o desfecho talvez tivesse sido outro; vários outros.

segunda-feira, janeiro 31, 2011

tradição de fim de verão

"Bate outra vez
Com esperanças o meu coração
Pois já vai terminando o verão enfim


Volto ao jardim
Com a certeza que devo chorar
Pois bem sei que não queres voltar (por) mim

Queixo-me às rosas, mas que bobagem
As rosas não falam
Simplesmente as rosas exalam
O perfume que roubam de ti, ai...


Devias vir
Para ver os meus olhos tristonhos
E, quem sabe, sonhar os meus sonhos
por fim"


uma palavra e todo o sentido é alterado.
a letra está condizendo mais à situação.
entre camisetas, cartões e danças.
entrelinhas e explicitamente.